Bandeiras dos Palop

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Afinal, porque vota o povo?



É tempo de eleições e, supostamente, tempo de mudanças.
Mas os portugueses sabem, que nada vai acontecer, que nada vai mudar. Uma falsa esperança, mas que vai sendo refinada com o tempo, com a experiência, com as retrospectivas que podem e devem ser feitas nestas alturas.
Principalmente os mais velhos, ainda se lembram do que era votar no tempo do Estado Novo. Ainda era pequeno demais, mas já entendia que havia apenas um partido e nada mais. Era fácil e descomplicado! Todos os votos iam para o partido do governo, que assim se manteve ao longo de 50 anos, cuidando da fé católica, do operário sem horizontes e da família humilde mas trabalhadora, sem futuro. Pão e vinho sobre a mesa e aí estava a familia portuguesa!...Mas,

inevitavelmente, aconteceu o 25 de Abril de 1974. Eleições democráticas, democracia, liberdade cívica e liberdade de escolher o próprio futuro, com esperança renovada!

Mas era muito importante que os portugueses percebessem o que NÃO MUDOU ao longo destes 37 anos!
Em 1975, falavam de melhoria das condições de vida, melhores salários, mais educação, mais saúde, contenção da despesa, aumento das exportações, bla bla bla... Os verdadeiros problemas que proliferam por todo o país como a falta de transparência, os negócios duvidosos, as parcerias público/privadas, as despesas privadas inexplicadas, as viagens sumptuosas, as viaturas, os motoristas, os cartões de crédito, as participações encapotadas em negócios que lesam gravemente os interesses do país, as empreitadas milionárias que nem se sabe quando começam, nem quando acabam, nem quanto custam aos contribuíntes, essas nunca foram debatidas na televisão, que me lembre.

Estamos em 2011 e atingimos, uma vez mais, o limíte do endividamento. Será sina do nosso povo que é gastador, malandro e não se preocupa com o futuro?
Estamos novamente em véspera de eleições e os meus irmãos, os meus filhos, os meus sobrinhos e os meus netos, são obrigados a ouvir exactamente a mesma conversa que eu ouvi em 1975, 80, ect!!! É obra!
Será que não aparece um ou mais (preferentemente) políticos dos sete costados capaz de pôr toda esta conversa de lado e abordar com frontalidade a raíz dos verdadeiros problemas, públicamente?

Pergunto. Quantos milhões de euros custa ao povo português, por ano, a forma perfeitamente descontrolada como os políticos de topo gastam dinheiro do Estado? Porque não existe uma maneira de controlar em tempo real estas despesas e reduzi-las ao necessário? E o resto já mencionado dois parágrafos acima? Tudo isto somado, poderia permitir, por exemplo, que os doentes idosos e reformados, não vissem as suas reformas encolhidas e os seus medicamentos mais caros! E não é demagogia. É responsabilidade.

Estamos a caminho de eleições importantes para todos. Infelizmente não vi UM político pôr o dedo na ferida e falar na televisão daquilo que tem de ser falado. Apuramento de responsabilidades e fazer pagar por elas. O sistema está muito doente. Trabalham milhões para permitir vidas exepcionais a alguns milhares!
Talvez, quem sabe, o milagre ainda aconteça. Saúde, educação e trabalho, são palavras gastas que já ninguém quer ouvir. É preciso actuar, provar e depois punir. O exemplo dará bons frutos, que o povo português já merece colher. O poder não pode cegar. Precisa seguramente de umas palas, ao lado dos olhos, para não escolher o caminho errado. Qualquer de nós se tropeçar, cai e machuca-se. O poder tropeça a todo o momento e quem se machuca somos nós. Bolas! É tempo de chamar os bois pelos nomes! Haja coragem.