
Assistimos quase melancolicamente a destruição de um Estado Social que vimos criando paulatinamente há vários anos. Velhos, doentes, incapacitados, viúvas, crianças, pequenos empresários, instituições de beneficência, ninguém escapa a sofreguidão insaciável de um governo incapaz de encontrar a sua própria cabeça! O sentimento de injustiça, o despautério mesquinho e arrogante apregoado diariamente, puseram em franja os nervos dos portugueses que "ainda" trabalham todos os dias.
E é por isso que certas vontades interiores se combatem entre si, uma vez que o sentimento de criar, ler, escrever, fazer coisas, fica completamente esbatido neste turbilhão de sentimentos quase antagónicos, vividos dentro de nós!
Mas estas palavras chegam muito longe. Não me devo esquecer disso.
Uma sociedade moderna e evoluída, deve caminhar ao encontro do desenvolvimento social e do bem estar de todos. Afinal, um bilionário, não deixará de o ser, se tiver alguns milhares a menos. Mas esses milhares multiplicados por muitos bilionários, transformam-se em milhões. E com esses milhões, continuaremos a ter milionários mas também muito menos necessitados.
É este o meu pensamento de hoje, na entrada da Primavera!
Da Europa a América a África e ao Oriente, esta doença social terrível, afecta todos. O futuro da humanidade parece estar seriamente comprometido. E comprometido por homens iguais a nós mas com muito mais ganância, reforçada numa incompreensível incapacidade de ser simplesmente solidário!
Mentalidades andróides, deturpadas e sinistras que pululam a volta do nosso Mundo.
São estes os motivos que me têm remetido ao silêncio. A dúvida e a ansiedade instalam-se, poderosas, dentro de mim. Será que em pleno século XXI teremos de abdicar dos nossos direitos humanistas e sociais, em troca de ditadores de ocasião, que nem a sua própria casa sabem governar?
Do Ocidente ao Oriente, desejo que assim não venha a ser. Todos somos humanos e todos temos sentimentos. Mas alguns, não aprenderam, ainda, o significado dessa palavra.