Foi no passado dia 4 de Outubro, domingo, que se realizaram as legislativas em Portugal. Com grande civismo, disciplina e tranquilidade, os portugueses que votaram, expressaram a sua vontade. E refiro os portugueses que votaram, porque a abstenção atingiu números nunca antes atingidos: 43,7%.
Inscritos, estavam 9.439.651, tendo votado 5.374.363. Fazendo as contas, 4.065.228
cidadãos, não compareceram nas urnas. Considerando as dificuldades que o país e principalmente o seu povo têm passado ao longo dos últimos e difíceis quatro anos, seria de esperar uma maior afluência às urnas, o que não se verificou. Podemos derivar à volta das razões que levaram mais de 4 milhões de portugueses a não votar, mas todos os resultados serão inconclusivos.
De facto, quando um governo impõe políticas de austeridade muito violentas (neste caso a austeridade foi muito além do exigido pela própria troika), há uma tentativa "automática" de votar em partidos que não façam parte do governo, na expectativa que as políticas punitivas, possam ser aliviadas.
cidadãos, não compareceram nas urnas. Considerando as dificuldades que o país e principalmente o seu povo têm passado ao longo dos últimos e difíceis quatro anos, seria de esperar uma maior afluência às urnas, o que não se verificou. Podemos derivar à volta das razões que levaram mais de 4 milhões de portugueses a não votar, mas todos os resultados serão inconclusivos.
De facto, quando um governo impõe políticas de austeridade muito violentas (neste caso a austeridade foi muito além do exigido pela própria troika), há uma tentativa "automática" de votar em partidos que não façam parte do governo, na expectativa que as políticas punitivas, possam ser aliviadas.
Os portugueses, não apenas se abstiveram de ir ás urnas, como ainda entenderam que deviam votar de forma significativa nos partidos que suportam um governo que os fez emigrar ás centenas de milhar, que lhes aumentou (e de que maneira) os impostos, lhes cortou nas reformas sociais, atirando milhares de famílias para a indigência porque, muitas, ficaram sem a própria casa.
Legislativas de 2015 |
Se bem que a coligação PaF tenha ganho em votos expressos, a verdade é que PS, BE e CDU juntos, representam 50,9% dos votos, colocando em causa a viabilidade do governo, que teria, em todo o caso, de governar com uma minoria na Assembleia da República, o que se torna, em termos práticos, muito difícil ou mesmo impossível.
Legislativas 2015 |
Como consequência destes resultados eleitorais, temos uma Assembleia da República com a composição partidária que se vê na imagem, ficando os partidos da esquerda, com maioria no parlamento. Como também se pode observar no mapa de Portugal, o norte vota PaF, enquanto que o sul vota PS, transmitindo uma ideia de substancial diferença política.
Atendendo ao facto de que Portugal é governado à quarenta anos pelos partidos do chamado "sistema" e que durante esses quarenta anos a situação económica, social e de crescimento, pouco evoluiu, tendo recorrido ao FMI três vezes. Atendendo ainda ao facto de nos oito anos anteriores a estas eleições a situação de Portugal e dos portugueses se ter deteriorado seriamente, existindo neste momento cerca de 730 mil desempregados, baixos salários e fracas condições de apoio social, seria de esperar uma reviravolta na atribuição de votos, de forma a conseguir (?) uma alteração que retirasse força e poder aos partidos do sistema.
Porém, tal não aconteceu. Talvez por receio, alguns, (reformados e pensionistas) e muitos outros cidadãos com receio de perder os poucos benefícios que ainda possuem. A verdade dos factos porém, é que a realidade política dos portugueses é hoje bastante sombria e complicada, pelos motivos atrás expostos.
Finalmente, resta agora saber o que vai fazer o Presidente da República e o Partido Socialista, entalado entre a direita que quer governar e a esquerda que pretende inviabilizar esse mesmo governo.
O episódio irá continuar nos próximos dias e meses, mas seria desejável, para o bem de todos incluindo os que vivem apenas do seu trabalho, que surgisse um entendimento entre PSD/CDS e PS, capaz de gerar um governo de maioria estável, que transmita confiança quer à União Europeia, quer aos credores internacionais.